24/02/2015 - Proprietários de casas resistem a propostas milionárias de corretores
Talvez você já tenha visto uma cena como essa: uma casinha espremida, cercada de prédios por todos os lados. Corretores, aqui, não são bem-vindos. Os donos dessas casas, como dona Ezilda, de 98 anos, resistem, heroicamente. Por mais milionária que seja a proposta.
Andreia quer que o filho entenda desde cedo a importância da casa da visa, Dona Ezilda. “Eu venho para cá desde que tinha 6 meses. Todos os nossos verões eram aqui. Então continua, as gerações vinham sempre para a mesma casa, a casa nunca mudou”, ela conta.
A construção foi ideia da avó dela, a Dona Ezilda, que hoje está com 98 anos. Na década de 50, ela e o marido sonhavam em ter uma casa na praia de Capão da Canoa, no litoral gaúcho, para poder aproveitar o verão e reunir a família. E é isso que vem acontecendo há 60 anos.
“Essa casa é aconchego, amizades”, diz a filha dela Lis Corsetti.
A casa da dona Ezilda é parecida com muitas outras: tem sala, cozinha, banheiros e quatro quartos, mas o que torna o lugar assim tão especial? A casa é a única que restou no local. Todas as outras foram compradas e demolidas por construtoras que ergueram prédios enormes e agora dominam a paisagem.
“Quando começaram a construir os prédios por aqui, começaram a aparecer um monte de propostas”, lembra a neta.
O terreno da família é avaliado em até R$ 5 milhões e a disputa é grande entre os corretores da cidade. “É o ponto nobre da cidade, é o filé que todo construtor sonha em pegar”, conta o corretor de imóveis Paulo Silveira.
Mas podem tirar o cavalinho da chuva: “Não vendo, de jeito nenhum”, avisa Dona Ezilda.
Dona Ezilda não está sozinha no bloco do "Daqui não saio, daqui ninguém me tira". A Dona Velma, de Florianópolis, tem três paixões: o Figueirense, o pomar da casa dela e os cachorros e gatos de estimação.
A casa fica a uma quadra da Avenida Beira-Mar Norte, uma das áreas mais valorizadas de Floripa. É na direção do lar de Dona Velma que a especulação imobiliária avança. Volta e meia aparece um corretor querendo comprar. Ela não vende de jeito nenhum.
“Porque dinheiro não é tudo na vida da gente”, afirma Dona Velma.
Dona Velma não abre mão de suas paixões. “Os gatos nasceram praticamente e se criaram aqui. Como é que eu vou sair daqui, para morar onde? Pra mim não ter mais os animais?”, diz Velma.
E se a gente cruzar o Brasil inteiro vai encontrar a casinha da Dona Izabel, no centro de Belém. É a única que sobrou entre prédios de luxo em uma rua do bairro Umarizal, um dos mais valorizados da cidade.
Fantástico: A senhora já recebeu proposta para vender a casa, o terreno aqui?
Dona Izabel: Já.
Mas não aceitou. A propriedade foi herança dos pais da dona Izabel e o sentimento de gratidão sempre falou mais alto nela e nos irmãos dela. “Só vamos sair daqui quando morrer”, ela avisa.
E a cidade que não pode parar, de vez em quando, tropeça. Uma casa da Vila Pompeia, em São Paulo, exibe uma faixa: “Esta casa não está à venda e nem estará”
"A gente percebe que o bairro está virando um paliteiro. É prédio aqui, prédio ali, prédio acolá. Essa casa é a casa dos meus pais, hoje eu moro aqui com a minha avó e meu marido. Minha avó tem 100 anos. E a gente tem todo um estilo de vida moldado por estar aqui”, conta Jennifer.
Jennifer trabalha em outra casa na Pompeia. Adivinha o que decora a fachada do escritório? Outra faixa.
“Se eu quisesse seria por vontade minha e não por pressão do poder econômico de empreiteira, de construtora que vem falando que o quarteirão todo está vendido, que minha casa vai ficar isolada, que minha casa vai ficar ilhada. É esse tipo de coisa que eu não admito”, afirma Jennifer.
No bairro da Lapa, também em São Paulo, o consultório do Eduardo ficou isolado. “Esse quarteirão era constituído de aproximadamente 20 casas”, lembra Eduardo.
Os vizinhos venderam suas casas para a construtora de um condomínio, que hoje abraça o consultório. “A oferta era bem abaixo do valor de mercado. Eles têm uma matemática para ludibriar pessoas simples”, diz Eduardo.
Quando as casas foram abaixo e o espigão subiu, ele mal podia trabalhar. “Essas retroescavadeiras começam a derrubar as casas vizinhas de uma forma absurda. A poeira levanta, você está no meio de um campo de guerra. Eu nunca estive na guerra, mas eu tenho a sensação que eu estava na guerra”, afirma Eduardo.
Em Capão da Canoa está tudo em paz. Dona Ezilda segue fazendo seus passeios diários. E uma vez por semana, recebe os amigos para um sarau. A casa continua cheia: família, amigos.
“Dinheiro nenhum paga isso. Onde é que a gente consegue esse aconchego ao longo da vida?”, defende a filha de dona Ezilda.
Até os corretores são bem-vindos, mas com uma condição: que não venham falar de trabalho. “Não vendo a casa”, afirma Dona Ezilda.
Fonte: G1 - Fantástico
José Antônio Potrich - Corretor de Imóveis
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